Entrevista com a artista plástica Angolana Arlete Marques
Estamos na Expo Milão 2015, no pavilhão da Angola, um pavilhão rico de cores e musicas, com cenários da cultura local e o testemunho de várias mulheres e dentre uma deles tive o prazer de entrevistar e ter a honra de ser recebida por essa mulher talentosa e sensível Arlete Marques.
Boa tarde Senhora Arlete, obrigada por receber o Tcgnews. Nos conte um pouco de sua história.
Prazer estar aqui e estar expondo a minha arte em Milão. Sou angolana de Luanda, em 1987 me mudei para Portugal e em 2009 até hoje moro no Brasil, na cidade de Vilas do Atlântico a 20 Km de Salvador, a capital da Bahia, é um lugar de muita paz e é onde consigo fazer a minha arte, foi onde eu fiz todo esse trabalho dedicado a alimentação que é o tema da Expo2015.
Nos explique no que se concentra essas telas expostas aqui no Pavilhão da Angola.
São 8 telas, com o tema de fundo “nutrir o planeta”, e para demostrar isso usei as mulheres e as frutas, que combinam a sensualidade das mulheres e os sabores e cheiros dos frutos.
Como foi o começo de sua carreira?
Comecei a pintar somente com 50 anos, sou auto didata, foi quando saí do meu país que tudo começou. Foi com a necessidade de absorver outras culturas e por ser uma cidadã do mundo onde encontrei esse meu dom. O que na verdade, sempre tive essa inclinação pelo desenho, pela pintura. E com a ida ao Brasil, esse país que sempre foi a minha paixão, influenciou a minha arte, até mesmo com a Carmen Miranda (cantora e atriz brasileira) que usava frutas na cabeça, pode ser observada a sua influência nos meus quadros. E esse contato com a cultura brasileira foi cultivado desde criança, e lá encontrei coisas que me fizerem reviver a minha infância e isso alimenta a alma.
Como a Cultura brasileira è conhecida na Angola?
Como fomos colônia portuguesa não tínhamos a nossa própria identidade, pouco se falava da música angolana, então a nossa cultura musical e artistica vieram todas do Brasil, e a Carmen Miranda sempre foi para mim fascinante e todo esse contato com a cultura brasileira influenciou muito a minha geração quando éramos crianças. E esse pedaço da minha infância o reencontrei lá.
A Senhora começou com 50 anos, mas antes disso teve alguma experiência no campo da arte?
Sim tive, em 1987 em Portugal pintei camisetas com desenhos africanos, em 1991 foi a minha primeira exposição e foi ali que comecei a confiar mais no meu trabalho. Até mesmo porque os críticos de arte apontavam a qualidade dos meus quadros, e essa qualidade, para mim, vem de berço e quanto mais você trabalha mais você evolui.
Na cidade de Salvador (capital da Bahia), no Brasil, a Senhora possui uma exposição permanente?
Eu no Brasil estou inserida em uma ONG, que se chama Mac Art, onde ajudamos pessoas com Aids através da Arte, e assim com a ONG todos os meses expomos, também com outros artistas, em diversos pontos da cidade, são exposições rotativas.
Como foi chegar até a ExpoMilão 2015?
Foi um convite da Angola, um convite da Comissaria Angolana, trabalho com eles e sempre que eles precisam entram em contato comigo.
Até quando serão expostos os seus quadros no Pavilhão da Angola?
Estaremos aqui até dia 18/07/2015
O que a Senhora poderia dizer ao povo angolano para poder transmitir essa sua força?
Eu tenho por Angola um carinho muito especial, sou surpreendida sempre quando entro no Pavilhão de Angola e sinto a música angola, me emociono e ali sinto que sou africana. Tenho uma paixão enorme pelo meus país, um apego grande. Quero que o meu país a Angola siga o seu caminho com muita dignidade e honestidade, que as pessoas sejam solidárias umas com as outras. Solidariedade é o que poderá fazer a diferença, dar mais de si próprio, esquecer o deslumbramento, por ser uma sociedade muito nova terá que passar por isso por muitos anos ainda, após 60 anos de guerra, é normal que isso aconteça. Mas é necessário olhar para a necessidade do país.
Teria algum agradecimento a ser feito?
Sim, gostaria de agradecer estar aqui nesse momento ao Divino, porque tenho muita fé e se estou, como costumo dizer, o que é para nós está guardado do bom e do mal, e é maravilhoso estar aqui e poder colaborar com a Expo e com o meu país a Angola. Agradeço em especial a Senhora Comissaria da Angola, Albina Assis, um poço de dignidade, ela para mim é uma luz, essa colaboração é com certeza graças a ela.
Muito Obrigada pela entrevista.
Para quem quiser conhecer mais a Artista angolana, Arlete Marques: www.umbigodamae.blogspot.it
Di Lia Lemoss | Tcgnews.it
Foto: Lia Lemoss | Tcgnews.it
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